História


Era o ano de 2002 e a ideia de formar uma banda completa em São Miguel do Gostoso já vinha desde muito tempo. O forró de sanfona já existia com Seu Saturnino e nisso se passaram anos, surgia seu Dedé, a Banda Brasa, Côco Ralado, Banda Milenium, Cheiro de Mulher, dentre vários outros nomes.
O grupo Manga Rosa, formado por meninos que estudavam flauta e percussão, estava nessa lista de grupos que trabalhavam com música, e no ano de 1998, quando passava as férias em São Miguel do Gostoso, pude ver uma apresentação deles e foi muito legal, mas faltava uma pitada pra essa mistura musical se tornasse completa.
          Passou-se 3 anos, e como já estudava música, fiquei interessado em montar um grupo pra tocar alguma coisa, pois se ficasse parado, enferrujava. Então comentei com meu primo Nazareno Varela, se era possível montar e ele topou na hora.
          Isso era em 2001, por volta de julho, nós (Eu no Baixo e Nazareno no violão), Neílson e Jean (Manga Rosa) e Só Love (que havia entrado na Banda de Música municipal a pouco tempo), nos reunimos no antigo prédio do restaurante Alamanda pra tirar um som. 
          Nazareno começou com a música de Ricardo Chaves (ô Digaí) a qual passamos bom tempo tocando. As pessoas apareciam pra ver a nossa apresentação, mas nosso repertório era escasso nos restando tocar o famoso Reggae das Antigas, improvisando toscamente. Esse foi o primeiro dia em que se pensou na possibilidade de se montar uma banda que tivesse uma instrumentação completa, com metais, percussão, enfim, uma BANDA.
          Nesse mesmo ano, acontecia a Festa do Boi em Natal, onde fui com uma galera de Gostoso, pra saber como era essa festa que é bem conhecida no RN. Em frente ao local onde as bandas se apresentavam a rádio 96 fazia um link ao vivo e a música que rolava no som era “Tanto fez, tanto faz” da banda Circuito Musical. Posteriormente comentei com Só Love se conhecia e ele disse: “Porque a gente não tenta tirar esse som?”
          Naza, por ser professor, tinha suas atividades, não tinha muito tempo pra ensaiar, então ele chegou um dia, e falou: “Ei, Fabiano, não vai dar pra tocar com vocês, porque tô muito velho pra tocar com essa molecada, mas eu conheço um moleque, você precisa ver, o nome dele é Felipe, qualquer dia desses eu trago ele pra tocar com a galera”.
          A galera já tinha aumentado porque além de mim e Só Love (Sax Alto), Dedé (trombone), Gilson (trompete), Neílson (percussão), Naldinho (percussão), Jean (bateria), Jefferson “Tripinha” e Welinton “Cueca” (teclado), e Felipe “Parú”(violão) completavam assim um time de músicos locais, com muita determinação e vontade de tocar, trazendo diversão pra galera.
          O início foi muito fácil e difícil ao mesmo tempo, fácil porque não demorávamos muito pra pegar as músicas, e difícil, pois só quem tinha instrumento próprio era Felipe e Eu, os outros integrantes participavam da Banda de Música e do Manga Rosa e usavam instrumentos “emprestados”.
          O primeiro ensaio com essa galera toda aconteceu no quintal da minha casa, foi uma bagunça só, juntamos todos os instrumentos e queríamos tirar todas as músicas em uma noite, mas o objetivo neste dia era tentar tirar a música “Tanto fez Tanto faz”. Ficamos mais de 2 horas tentando e por fim conseguimos completar a introdução, a galera que estava presente esperava que a gente fosse tocar algum repertório, mas só a introdução da música já valeu a noite de ensaio.
          O Clube de Mães foi o nosso outro local de ensaio nesse início de banda, que até então não tinha nome, nisso a gente já progredia, pois estávamos tocando “Por que não eu?” “Tudo Pode Mudar”, “Única Razão”, (todas pela metade), e já nos sentíamos vitoriosos, porque na época a galera tocava por pura diversão, mas cadê o vocalista?
          Na maioria dos ensaios no Clube de Mães, as pessoas se aglomeravam pra ver a gente tocar, e um detalhe importante é que a partir desses ensaios estávamos prestes a encontrar o(as) vocalistas pra banda. Tatiana (minha irmã), Poliana, Lílian e Meriene eram freqüentadoras assíduas dos nossos ensaios e sempre que tocávamos músicas que dependiam de vocal feminino elas entravam em cena, porém, na primeira vez que a galera convidou-as pra cantar, elas ficaram na dúvida, mas como diz a música “o que tem de ser será” Tati, Poli e Lílian aceitaram o desafio. O vocal masculino? No início a gente pensava que Só Love assumiria os vocais, mas quem resolveu assumir foi Dedé (que mesmo cantando não largou o trombone) e dessa forma acabamos com esse problema vocal.
          O ensaio acontecia todas as noites, e um dia Só Love chega antes do ensaio começar e diz: “Fabiano, Jubenick convidou a gente pra tocar lá no Antônio Conselheiro, e aí, Vai?”. Surgiu aquela dúvida, não tínhamos estrutura, e, além disso, não tínhamos repertório suficiente que desse um show, mas concordei. Então a partir daqeuel momento a banda tinha um objetivo, 12 de abril de 2002, em Antônio Conselheiro, e um mês pra ensaiar.
          Foi um dos meses mais agitados, pois tínhamos uma responsabilidade, e não podíamos ficar brincando, mas ainda faltava uma coisa... o nome pra banda, que surgiu espontaneamente numa história minha com Só Love, em uma noite que estávamos com muita fome e demos uma paradinha na Quitanda Garcia pra fazer um lanche. Nisso falei pra ele: “Só Love, a gente poderia colocar o nome na banda tipo aquelas bandas de forró, como Mastruz com Leite, Limão com Mel, não sei o que com não sei o quê, e aí?”, ele concordou, então olhei pra prateleira, só tinha Cocorote, e nem me liguei, então Só Love: “Porque a gente não bota o nome de Cocorote, pô?” Nessa, eu abri o freezer e só tinha suco de caju, e praticamente falamos ao mesmo tempo “Cocorote com Suco de Caju!!!” e caímos na risada, e falamos um pro outro: “Nome estranho da p..., quem vai gostar de uma banda chamada assim, mas é diferente e também é um nome provisório, depois a gente muda” ,e quem disse que mudou,  ficou desse jeito -  COCOROTE COM SUCO DE CAJU.
          Como a Cocorote não tinha equipamento, alugávamos a bateria de Seu Dedé Cândido, pra ensaiar, e por duas vezes antes da apresentação, usamos o equipamento de som do bar dele, pra ver como estava o nosso entrosamento, e foi bem legal.
          Aproximando 12 de abril, dia da apresentação, todos na expectativa, conversamos com o pessoal da Câmara para que emprestasse os 13 microfones pra gente usar no show, e com Daniel (filho de seu Dedé) pra levar o seu equipamento de som pra garantir a festa.
          Antes de levarmos esse equipamento pro Assentamento Antônio Conselheiro, fizemos um ensaio geral no dia 11, à noite, mas o ensaio memorável aconteceu na garagem da minha casa, às 10h da manhã, onde passamos todo o nosso repertório, onde muita gente parou pra observar quem estava tocando. Foi perfeito, pois não modificamos quase nada no repertório de 18 músicas, essas que conseguimos tirar em 1 mês, que parece muito tempo, mas pra galera que estava iniciando era um tempo curto.
          No dia 12, uma parte da galera foi primeiro, com todo o equipamento no caminhão de Capuchinho pra montar o palco (Naza, Dedé, Só Love, Jefferson e Rodrigo), e o restante ficou, porque a gente tinha alugado um ônibus pra levar quem quisesse ver a estreia da Cocorote com Suco de Caju.
          Daniel, filho de Dedé Sanfoneiro foi um caso a parte nesse dia, a gente falou com ele pra levar o seu equipamento de som, mas já se aproximava o horário da nossa apresentação e cadê ele? Nisso, os caras que foram na frente, ligaram: “ Ei, cadê Daniel com o som, p...!!! Se encontrarem ele diga que não precisa mais, e tragam o som do Manga Rosa porque a galera aqui só ta esperando o som.”
          A correria foi geral porque mesmo com a ligação eu e Ricardo fomos atrás de Daniel e soubemos que ele estava no esquema lá em São José, daí a outra opção foi João sem Galo, mas não estava em casa, então fomos buscar as caixas de som do Manga Rosa, e trouxemos o grave, o retorno e a mesa que eles tinham, e completamos com a minha caixa, e 1 hora antes do show (que estava previsto para às 22h), ainda estávamos em Gostoso, mas deu “tudo” certo.
          Com o ônibus cheio, todo mundo animado, a gente não esperava que acontecesse mais nada, mas quando a gente chega no local do show, eu pergunto pra Naza: “Cadê o palco?”, e ele: ”Taí!?”, era no chão, em formato de um funil deitado, coberto pela metade, com arame farpado na frente (pra galera não invadir) e a nossa torcida era pra não chover. Como a galera já tava esperando fazia tempo, tive que me virar fazendo gambiarra pra colocar as caixas pra funcionar. O mais interessante é que no meio da nossa parafernália tinha o computador que nos ajudou bastante, sendo usado enquanto a gente não tocava, mas no final das contas conseguimos fazer um show corajoso, divertido, que causou curiosidade pra quem não viu a Cocorote, e nos rendeu cerca de 80 reais que ficou no caixa que pretendíamos fazer pra comprar alguns equipamentos.
          Na semana seguinte, aconteceu no dia 18 de abril um evento em comemoração ao Dia do Índio, com apresentações locais e exposição de desenhos dos alunos da Escola Municipal Cel. Zuza Torres. Até aí tudo bem, mas escutando a rádio 105FM, o locutor anuncia as atrações e...”Pra encerrar a festa vocês vão curtir a banda Cocorote com suco de caju”, então pensei: ” quem colocou a gente na programação do evento?” daí chega Nazareno, empolgadasso: “Você ouviu... coloquei vocês pra fecharem o evento... é Cocorote p...!!!” daí só tínhamos a alternativa de tocar, pois a organização disse que só precisava tocar 30min de show (e lembrando que o nosso repertório durava no máximo 1 hora) e lá vamos nós.
          Estávamos na ansiedade de tocar aqui, e fomos logo ensaiar. Um dia antes da apresentação conseguimos tirar a música “Cumbia do Amor” da Banda Calypso, e foi uma alegria geral na banda, porque nós tínhamos mais uma música pra incrementar o nosso repertório.
          Com a boquilha de seu Sax Alto quebrada logo depois do primeiro show, Só Love providenciou uma boquilha com seu professor da Banda de Música, mas detalhe, a boquilha era de Sax Tenor, o que dificultava em algumas músicas, pois o instrumento ficava em outra tonalidade, e ele tinha que desenrolar, como ele mesmo falava: “Eu quero ver qualquer um tocar sax alto desse jeito aqui... eu sou da Cocorote p...!!!” .
          Chega o dia D, fomos logo cedo pra arrumar o nosso equipamento, Jean, Neílson e Naldinho olhavam pra mim, pro palco, e balançava a cabeça positivamente, tipo “Caramba, hoje vai ser f...”. Deixamos o equipamento e fomos buscar a mesa de som da Igreja, porque precisávamos microfonar muita coisa, mas na verdade terminamos de arrumar tudo na hora da apresentação.
          Antes de anunciar Nazareno dá um aviso: “Gente, eu peço encarecidamente a vocês, que saiam da quadra (isso a quadra toda aberta, só com o gradeado em volta, sem compensado) porque a banda vai fazer essa apresentação, e tá pedindo uma contribuição de 1 real, pra que eles possam comprar os seus instrumentos...Colaborem, pois os meninos são daqui do Gostoso e vocês tem que dar valor ao que é daqui!!!”, e seja o que Deus quiser.
          Começou o show, rolaram as primeiras músicas e a população ficou só de fora olhando, então a galera da Cocorote ficou preocupada, mas quando rolou as músicas da Banda Calypso, todo mundo ficou desesperado pra entrar, e quem sofreu foi tio Francisco (pai de Lílian) e Júnior, que estavam na portaria.
          Nesse dia, tivemos que repetir 2 vezes cada música porque, a organização do evento pediu que tocássemos até a meia-noite, e pra esse episódio eu tenho uma história interessante.
          Quando fizeram esse pedido, resolvemos apresentar todos os componentes da banda durante a música “Na Manteiga”, mas a música durou cerca de 40 minutos, e depois de alguns dias, os caras contam a seguinte história: ”Fabiano, um pescador disse que estava na maré e quando chegou em terra viu o movimento na quadra e a música que estava rolando era a dita “Na Manteiga”, foi pra casa, tomou banho, jantou e voltou pra rua, quando chegou na festa ainda tava rolando “Na Manteiga””.
          Pra gente foi o melhor som (mesmo sem retorno), o melhor palco (mesmo pequeno e com uma iluminação precária), porque o importante era tocar. Depois da apresentação, nos reunimos no antigo restaurante Mais Gostoso, contabilizamos o dinheiro e assistimos a nossa apresentação. No total contabilizamos mais de 300 reais (isso quer dizer que mais de 300 pessoas nos assistiram), o cachê de cada um foi 06 reais, e com o restante do dinheiro, foram adquiridos dois microfones sem fio, e dois Graves Baiano que João sem Galo vendeu a Nazareno.
          Ficamos tão empolgados depois desse show, que já pensávamos em tratar a coisa com mais seriedade, não que não tratássemos, mas a diversão pra gente valia mais que a grana. Após um mês, nos reunimos em minha casa pra discutir um repertório maior pra tocar nas festas, e surgiu um convite pra tocar em outro evento da Escola, e começamos a trabalhar o repertório, gravamos um CD com as músicas que teríamos que tirar, e pedimos à diretoria da Escola Olímpia Teixeira pra usar uma das salas para o ensaio. Foram cerca de 4 dias, e foi um dos nossos melhores ensaios, pois a sala tinha espaço amplo e a distribuição dos instrumentos, estava parecida com uma sala profissional. Algumas vezes fazíamos ensaios separados, com o naipe de metais, com a cozinha da banda (baixo, bateria e violão) e depois nos reuníamos todos pra ver o entrosamento.
          Dedé já deixava de lado o seu trombone e se dedicaria totalmente ao vocal da Cocorote, enquanto Tati, Poli e Lílian discutiam quem cantaria o que no repertório feito pra essa festa. Depois de muito ensaio, chega o dia da festa e...cancelaram a nossa apresentação, e a galera da Cocorote com suco de caju ficaria na mão, mas Eu, Só Love, Welington e Felipe nos juntamos e fizemos uma jam session, no meu quarto tocando o sucesso “Você pensou que não fosse lhe deixar” (que rendeu até um videoclipe), até Felipe se aventurou cantando músicas da banda Calypso e tudo mais.
          Depois disso, fomos convidados a tocar no Morro dos Martins, a convite de Washington (um amigo da galera) e como foi próximo do evento cancelado e nós estávamos afiados pra tocar, lembro-me que foram feitos 2 ensaios no meu quarto, onde nas horas vagas, eu tocava bateria, Só Love assumia os vocais, Jefferson “Tripinha” tocava baixo, Welington “Cueca” no teclado e Felipe no violão. Ensaiamos um Rock tão pesado, que Washington (que passava em frente de casa) pôs a cabeça na janela e perguntou: “Vocês vão tocar desse jeito lá?” aí Só Love: ”Essa a gente toca pra encerrar o show”, e Washington saiu com uma cara tão assustada que a gente caiu na gargalhada.
          Esse show parecia que não ia dar certo, não sabíamos onde era o local, se tinha palco, mas fomos do mesmo jeito. Eu e Daniel (filho de Seu Dedé) e Roberto Carlos (assistente de palco) fomos na frente pra arrumar o som (que foi o nosso maior problema no dia), depois a maioria da galera exceto Lílian (uma das vocalistas, pois estava doente) foi no ônibus, que já se tornava uma característica das nossas apresentações nos distritos. Chegando lá, pensei que o espaço era aberto, com palco, na verdade, era um bar com danceteria, mas como já estávamos lá, tínhamos que cumprir com nossa agenda.
          Enquanto arrumávamos o som, chegou o restante da galera, e o povo que esperava a gente, já estava aperreado, começando a falar alguns insultos, quando pensávamos que estava tudo pronto, a gambiarra de Daniel dá um prego, ele tenta daqui e dali consertar, e nada, enquanto isso Nazareno comanda o nosso Arquivo 5 em vídeo registrando os momentos marcantes desse show. Finalmente quando o show inicia, ainda ficam algumas pessoas pra nos assistirem, além das que vieram de Gostoso, e quando parecia que ia dar tudo certo, o pedal da bateria teve de ser consertado no meio do show, os microfones começaram a dar problema, Só Love se envoca e vai dançar com Aninha (namorada de Rodrigo – que também foi trabalhar e curtir a Cocorote) deixando Gílson (que estava caindo de sono) sozinho nos metais, enfim, o que tinha de acontecer aconteceu, e nossos seguranças (Miguel Garcia e Seu Valmiro Catarina) trabalharam muito bem, contendo o público que estava muito exaltado enquanto o belíssimo som de Daniel não estava pronto. Após o show Felipe disse: “Fabiano, Seu Valmiro falou pra Ricardo desse jeito “Pô filho, se tivesse começado antes...”, aí Ricardo:”Fazer o quê?”.
          Após esse show, a Cocorote resolveu tirar férias prolongadas, alguns componentes foram convidados pra tocar em outras bandas, outros tinham seus respectivos empregos, seja temporário ou fixo, e eu viajei pra minha terra natal (SP), na volta, em Janeiro de 2003, de vez em quando nos reuníamos pra desenferrujar e quem sabe tocar no Carnaval, que se aproximava, mas era uma possibilidade remota, pois as bandas já tinham sido contratadas.
          Carnaval 2003, segundo dia, Papeu Gomes e Banda Massa tocando no palco, e pergunto pros caras: ”Vâmo pedir pro Papeu pra gente tocar, se rolar, a gente ensaia algumas músicas e já era”. Dedé, Jean, Neílson e Só Love ficam empolgados e aceitam na hora.
          Antes do término do show, chego pra Papeu e “...Será que dá pra gente tocar umas músicas aí, Papeu? A molecada tá a fim de mostrar o trabalho, garanto que não vai se arrepender.”, ele olha e diz: “Por mim tudo bem, mas tem que falar com o prefeito, se ele liberar, pode tocar”, então Dedé tentou falar com João Wilson, que tava muito chapado, mas Dedé chegou com a conversa de que tava tudo liberado, então...
           ...No outro dia, fomos novamente falar com Papeu, e totalmente lombrado diz: “Vocês agüentam tocar uma hora?”, e a gente ia falar o quê? Que não? Claro que a gente aceitou!!!
          Voltamos correndo nos juntamos no meu quarto (imagine Eu, Dedé, Felipe, Só Love, Gilson, Cueca, Jean, Naldinho, Neílson) toda a nossa parafernália, praticamente um em cima do outro, não durou mais que 30min, e ainda colocamos músicas novas no repertório.
          Antes de terminarmos o ensaio, começa a chover, mas não estávamos ligando, o que a gente queria era tocar. Nos juntamos pra subir no palco, e a galera da banda de Papeu olhou torto como se dissesse: “É essa molecada que vai tocar?” Essa indiferença deles deixou a Cocorote com suco de Caju com mais vontade pra tocar.
          O pessoal olhava e se perguntava: “O que os meninos de Gostoso estão fazendo aí em cima?”
          Começa o show e no meio do show Papeu olha pra mim e faz sinal de positivo, e eu penso: “Essa é pra você se ligar que Cocorote é f...!!!”. Uma hora foi o suficiente pra gente agitar a galera, mesmo com chuva, e mostrar que aqui em Gostoso tem músicos de qualidade.
          O comentário foi grande no dia seguinte, e à noite Papeu me fala: “Ei, pensei que vocês fossem tocar hoje?” e eu pensei: “Já?!” e só balancei o dedo negativamente. Essa foi nossa melhor apresentação, tudo deu certo no palco, e a galera curtiu bastante.
          Passei no vestibular e o tempo se tornou escasso, cada um estava tomando o seu rumo, mas minhas férias felizmente coincidiram com a vinda do Circo da Luz   (circo que percorre todo o estado do RN, mostrando a cultura local) pra São Miguel do Gostoso. Então, decidimos fazer uma apresentação especial, que marcaria a despedida da banda Cocorote com Suco de Caju.
          Nos dedicamos bastante pra fazer esse show, pegamos a bateria da banda de música de Touros, nosso repertório estava bem variado, incluindo, reggae, rock, forró, calypso, e nunca vi, desde o começo da banda, uma vontade tão grande de tocar em um evento.
          O Circo da Luz é patrocinado pela COSERN – Empresa de Energia, mas um fato curioso e outro trágico aconteceu nos dias que aconteceram os espetáculos. Um dia antes de tocarmos aconteceu a queda da arquibancada do Circo, resultando em alguns feridos. No dia da nossa apresentação, quando estávamos levando o nosso equipamento, olho de longe tudo apagado, com o Circo totalmente lotado e pergunto pra Neílson: ”O que foi que aconteceu?” e ele deduziu: “Acho que tá faltando energia?”. Exatamente, faltou energia no Circo da Luz e nossa despedida parecia que não aconteceria. De repente, a energia volta, estávamos totalmente concentrados e relaxados pro show, mas quando começa a primeira apresentação...apagão!!! Tudo ficou escuro de novo e a galera se aglomerou começando a correria e nós ficamos cuidando pra não perder os nossos equipamentos. Na volta, a galera queria pedir a chave do PETI pra montar o equipamento lá, mas resolvemos que era melhor deixar pra próxima.
          O ano de 2003 foi de pouca atividade, até que perto do fim do ano, Alisson, chega de SP pra morar em Gostoso e queria conhecer a Cocorote, pois também cantava e estava interessado em montar uma banda por aqui, mas como já tinha a Cocorote, o entrosamento seria mais fácil.
          Próximo ao Carnaval, que nesse ano contava com as bandas Mix e Baba de Moça nos juntamos e fizemos alguns ensaios na casa de Alisson, que teve uma produtividade muito boa, repertório bem atual e muita vontade de tocar. Todo dia era um leva e traz de equipamento, monta e desmonta, faltando poucos dias antes das nossas apresentações, tudo praticamente pronto, resolvemos passar todo repertório, começou tudo bem, de repente, rolou um “stress” geral, mas terminou tudo bem, o ensaio foi atravessando a noite, e nós estávamos cansados, então resolvemos parar.
          No segundo dia do Carnaval antes de nós entrarmos, acaba a energia (novamente), mas depois de algum tempo tudo se restabeleceu, abrimos a noite, tocando bem, na medida do possível, Alisson e Dedé agitavam a galera o tempo todo, e foi uma experiência muito boa pra galera. No terceiro dia, à tarde, Banda Mix anuncia “...Galera, daqui a pouquinho vocês vão curtir a galera da banda... como é?... Cocorote com Suco de Caju... é isso mesmo?...Então, daqui a pouco vocês vão ver eles tocarem aqui no palco. (o vocalista olha pra banda e pergunta) Foi a galera que tocou ontem a noite? Fiquei sabendo que a galera é daqui, legal saber! Força aí pra Cocorote com suco de Caju!!!”
          Jean, que na época trabalhava na Potiporã (uma empresa de Carcinicultura) estava de plantão, e enquanto Mix tocava no palco, eu fui busca-lo na empresa Chegando lá esperei bastante em frente e algum tempo depois chega o chefe de Jean e Naldinho no carro e pergunta: “Cadê Jean? Vim buscar ele...Eu não sabia que ele tocava no Cocorote, porteiro chama Jean pra mim, por favor?” Enquanto isso, chegava o ônibus com os trabalhadores, dentre eles, Naldinho (com uma cara desanimada, por não tocar com a Cocorote naquele dia), e de repente o chefe dele pergunta: “Naldinho também toca na Cocorote?..” ele respondeu positivamente, então..”Vamo lá, eu falo depois com o pessoal, a Cocorote só tá esperando vocês!” Começa a correria.
          Chegando na praia, foi subir no palco e tocar. Na primeira música Só Love se irrita porque o microfone do seu Sax não funciona, e ele quase sai do palco, mas continuou e fizemos um show relativamente “peba”, praticamente sem retorno, Jean cansado, o técnico de som pedindo a Deus que nós terminássemos e, no fim, o show termina sem mais nem menos, só lembro de Jean dizendo:”Mafiaram a gente!!!”, aí o técnico olha e rebate: “Não era nem pra vocês terem tocado!”. Os nervos estavam a flor da pele, mas tudo se acalmou, tiramos uma foto registrando um momento especial das nossas carreiras e cada um foi pra sua casa descansar um pouco, pois ainda tinha banda pra gente curtir.
          Essa foi a (pen)última apresentação  oficial da Cocorote Com Suco de Caju. O período de 2002 a 2004 foi muito especial pra todas as pessoas que se envolveram nesse projeto ousado que foi montar a Primeira banda completa de São Miguel do Gostoso e como diria Naza: “NÃO TEM PRA NINGUÉM!!! É COCOROTE P...!!!”

Fabiano Garcia
Texto escrito em 2004

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